As vezes, quando me encontro no vazio da escuridão, sem saber o que fazer, e somente pensado em como você estaria, com saudades de seus braços. Tenho vontade de sair por ai na madrugada, apenas com meus jeans surrados e uma camiseta velha, andando pela cidade, me perdendo no frio e no vento, sem dizer nada a ninguém, rezando para não sentirem minha falta.
Vontade de ir na porta de sua casa e gritar seu nome na janela. Você provavelmente se assustaria, e colocaria a cara pra fora de e me veria, na sombra da luz, na calçada, sentado na sarjeta te olhando. Abriria a porta correndo e me perguntaria por que diabos eu estou na porta de sua casa uma hora dessas, e o que eu queria. Eu então lhe diria para não falar nada, calçar os sapatos e me acompanhar. Sair por ai comigo, sem ter pra onde ir, e me abraçar, pra juntos conseguirmos enfrentar o vazio da noite, que tentaria nos apanhar. Sem saber muito o que fazer, e meio relutante você me seguiria.
Andando e rindo, bêbados de nossa própria companhia, inebriados pelo momento totalmente inusitado. Eu estava planejando fugir com você, pra qualquer lugar longe daqui. Talvez num mundo que imaginei pra nós, queria apenas que pudesse ser real, somente preciso fazer ser real.
Então começaria a rir, olhando nos teus olhos, sem saber o que dizer. Veria ao redor, e não tendo a mínima idéia de onde estaríamos, algum campo aberto com pequenas árvores e a grama molhada do orvalho. Por fim te abraçaria, e diria quanto te amo, e quanto tenho sofrido com os segredos guardados, por não saber o que fazer, e com meu medo me impedido de ir além. E te diria que não durmo a noite, imaginando ser real o que eu fantasio, contando dos meus sonhos com você, e de como acordo feliz lembrando que pelo menos no meu mundo imaginário eu posso te ter.
E por fim, você me puxaria mais perto e diria que também me amava, e então não conseguiríamos usar mais palavras. E você me beijaria. A chuva começaria a cair molhando nossos corpos, o vento correria pelos nossos cabelos, nos fazendo sentir ainda mais frio, e nos arrepiando com pingos que escorriam pela nuca, entrando em contato com a pele quente debaixo da camiseta. Aproveitaríamos o pequeno momento o levando pela eternidade de nossa almas.
Ah se eu levantasse de minha velha poltrona, se largasse meu cigarro e minha caneca de café frio.
Se eu ao menos tivesse coragem.
Mas ainda posso sonhar.